Desconectada Alma

Desconectar da alma essa alma
Desconectar da lama essa lama
Fugir do paradoxo existente.

Desconectar do muro esse muro
Desconectar do rumo esse rumo
Fugir daquele instante onde não existo agora.

Desconectar do mundo esse mundo
Desconectar do olhos esses olhos
Fugir da caminhada antes que me caleje.

-As mãos cansadas de frio, as mãos cansadas de frio!

-Os pés que não voltam para lá, os pés já não querem estar lá!

Dissipar no ar aquele ar
Dissipar no mar aquele lar
Voar por entre as casas destelhadas.

Dissipar no chão aquele chão
Dissipar no escuro a escuridão
Voar por entre escadas infinitas.

-Cansadas de cair sobre meus pés, cansadas de fugir sob meus pés!

Sucumbir calado aos pecados
Sucumbir alado aos descasos
Da vida que insiste em não morrer

Sucumbir no tombo do destino
Sucumbir aos trancos esse desatino
Da vida que insiste em naufragar

-Enfiando alma guela abaixo, destilando a cachaça guela abaixo!

E ao abrir os olhos, ficou tudo claridão. Limpidamente claro como o claro dos teus cabelos ralos que não querem se deixar envelhecer.

E o estrupicio, seria pensar que meus sonhos são vagos vagões de trem infestados de fantasmas fantasiados de manipuladores de fantoche.