C-RP- -CULT- -

Esse poema sem dinheiro
compra o leite mais barato e às vezes vem estragado

Esse poema pobre sem contracheque
ganhou, sem pedir, crédito no banco mais rico

Esse poema mulher (velha)
viaja em pé porque não tem como entrar antes dos outros no ônibus

Esse poema mal dormido
iludido enganado

Esse poema inflamado de discurso
esqueceu a palavra

Esse poema querendo porrada
não tem corpo

Esse poema irado
parado

Esse poema desesperado de guerrilha
não sabe onde atira

Esse poema Russo duro ateu
morreu num submarino de guerra enguiçado no fundo

Esse poema sem saída não existe sem rua



Pedro Rocha

ELA VAI AOS DESESSEIS


Ela vai. Tornozelos grossos, penugem dourada. Ela arrebenta.

Ela vai, aos desesseis, fazendo fila. Passa por todo mundo. E segue.

Bate o burocrata que a quer fazer legal. Dribla o plutocrata que a quer só para dele.

Ela vai, aos desesseis, fazendo a festa. Dos que a querem acompanhar.

Dança com o mendigo. Bebe com o maluco. Mexe com a torcida.

Ela vai, aos desesseis, fazendo o fino.

E desberlota a mãe que a quer só pra ela. E desarvora o pai que a quer mais para ele.

Ela vai, aos desesseis, satisfazendo fundo. Os que a tiram pra dançar.

E descabela o palhaço do garoto que a toca com cuidado.

E desenrola a bandeira da menina envergonhada que cresceu

E desentoca o bagulho que agora virou a bela e a fera

Ela vai, aos desesseis, se fazendo nesse mundo. Junto com quem quer

Escrever a vida por linhas tortas e versos trôpegos

Cutucar o tempo com seu passo insinuante sideral

Executar o solo mais elétrico nesse palco

Vociferar palavras estilhaçadas no vento

Ela vai, com oito em cada perna e o infinito pelos poros.

Ela vai, aos desesseis. Enquanto você pensa, ela já fez.

chacal

ESPÍRITO ERRANTE




Espírito errante que anda pela terra,
Vaga calmamente por este deserto,
Trilha por um rumo, um campo longo e incerto,
Vive intensamente a mais temível guerra...



Espírito errante que anda pelas águas,
Nada pelo nada, nada pelo medo,
Teme a vida e esconde assustador segredo:
Um coração cheio de infinitas mágoas...



Espírito errante que anda pelos céus,
Voa sem vontade pelo seu remorso,
Arrasta as correntes e os fúnebres véus...



Espírito errante na lava oscilante,
Carrega mil marcas no lascivo dorso...
Sem destino vaga um espírito errante...


Rommel Werneck

Legends off the Bar

























Eduardo Santos
15/10/2004

POESIA PARA CALENDÁRIO DE GRÁVIDA

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ou
vido
ouve
o
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que
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men
to
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nas
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das
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do

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e
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jará
luzpoesia
no
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ver
so

(Servio)